sábado, 26 de setembro de 2009

ALERTA!!! Automedicação contra Dor.

No Brasil, os medicamentos são o principal agente de intoxicação humana, com mais de 34 mil ocorrências por ano

A automedicação, uma prática muito comum no Brasil, traz riscos à saúde, quando realizada indiscriminadamente, e pode aumentar a possibilidade de surgirem efeitos colaterais indesejáveis. Segundo dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) da Fiocruz, no Brasil, os medicamentos são o principal agente de intoxicação humana, com mais de 34 mil ocorrências por ano, entre elas 966 são causadas por automedicação.
O uso indiscriminado de medicamentos pode, por exemplo, anular sua eficácia ou potencializar seus efeitos adversos, além de mascarar sintomas ou agravar doenças. Já o uso racional, quando um medicamento é usado conforme as orientações dos médicos e da bula, resulta em tratamento eficaz e seguro no combate às doenças.

Para Rogério Teixeira da Silva, mestre e doutor em Ortopedia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em se tratando de dor, a prática da automedicação - bastante significativa entre os pacientes ortopédicos, por exemplo - deveria ser levada mais a sério, pois pode acarretar importantes problemas. "A automedicação leva à cronificação da dor. Isso significa que faz a dor aguda não tratada se tornar crônica. Leva à cronificação de lesões, como tendinites, piorando os resultados no tratamento, tanto clínico quanto cirúrgico, bem como favorece os efeitos adversos gastrointestinais, cardíacos e renais."

O controle da dor é extremamente importante nessas circunstâncias. "Há estudos que indicam que a dor não controlada é a principal causa de reinternação e que tratar a dor melhora o resultado cirúrgico. "Nos casos de implantação de prótese no joelho, quando um paciente tem maior dor no pré-operatório significa que terá pior movimentação do joelho no pós-operatório, além de maior dor após a cirurgia, maior tempo de internação e de reabilitação, e um tratamento mais longo de fisioterapia", diz Silva, que é também presidente do Comitê de Traumatologia Desportiva da Sociedade Brasileira de Ortopedia (SBOT).

O exemplo da automedicação está também entre os praticantes amadores de corrida. O Questionário de Avaliação do Corredor Brasileiro (QUAC-Br), realizado pelo Núcleo de Estudos em Esportes e Ortopedia, avaliou o perfil de 7.731 corredores brasileiros, de todas as faixas etárias, sendo 79,3% com idades entre 30-59 anos. O estudo aponta que 71,2% dos entrevistados já tinham tido alguma dor em decorrência da corrida e trataram-se sem procurar um médico. Entre eles, 30,6% afirmaram que tomaram anti-inflamatório por conta própria.

"Se levarmos em conta que o número estimado de corredores no Brasil seja de quatro milhões e que 21,8% se automedicam, teremos 872 mil pessoas colocando-se em risco devido a essa prática", complementa o especialista.

Um dos caminhos para melhorar esse cenário é incentivar a discussão sobre a dor, que deve ser tratada com seriedade, entre médico e paciente. Contudo, de acordo com uma pesquisa da campanha Let`s Talk Pain (uma coligação americana que reúne organizações não governamentais e empresas ligadas ao tema), essa conversa não é vista de forma igual pelos médicos e pacientes. Ao redor de 60% dos pacientes disseram que foram abertos e honestos sobre a dor com seu médico. O mesmo estudo, entretanto, constatou que menos de 10% dos médicos consultados concordaram enfaticamente com o fato de que seus pacientes disseram a verdade sobre a sua dor.

Outro dado importante que o trabalho mostrou: embora a maioria dos médicos (cerca de 97%), acredite que existe tempo suficiente para debater a dor com os pacientes, menos da metade dos pacientes pesquisados (46%) teve a mesma opinião.

Outros caminhos sugeridos por Silva para reverter a situação são estimular a educação médica continuada em dor, normatizar as boas condutas e as práticas clínicas, e desenvolver estudos sobre o impacto da dor na qualidade de vida dos brasileiros. "Temos ainda de incentivar a realização de campanhas sobre os mecanismos da dor e as formas de tratamento, além de fomentar a participação da sociedade na questão. Também é preciso melhorar o controle sobre a venda de medicamentos, evitando que as receitas sejam trocadas no balcão da farmácia", finaliza o médico.

Fonte: ABN NEWS

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