A Fisioterapia dedicada ao paciente crítico tem seu início no mundo na década de 1950 com a crise da poliomielite. Inicialmente tinha seu enfoque na assistência ventilatória com manuseio dos ventiladores não invasivos chamados de pulmão de aço ( Iron Lung ). Após este período, vem sido incorporada ao atendimento dos pacientes principalmente no aspecto respiratório, a chamada fisioterapia pneumo-funcional, e a neurológica então neuro-funcional. Em 2001, o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) reconhece os primeiros cursos de Fisioterapia Intensiva no Brasil.
As Unidades de Terapia Intensiva transformaram-se em serviço especializado de caráter multiprofissional o qual englobou o fisioterapeuta no aspecto de diagnóstico, tratamento e prevenção.
A assistência ventilatória do paciente crítico, a monitorização ventilo - respiratória, a prevenção dos efeitos decorrentes do repouso prolongado no leito, assim como a atenção dos distúrbios e lesões musculos-esqueléticos, neurofuncionais, metabólicos e cardiovasculares imprimem uma gama de conhecimentos que transcende a Fisioterapia Pneumofuncional, apontando para a necessidade do treinamento na área de Fisioterapia Intensiva, especialidade de maior nível de complexidade e que, se devidamente administrada proporciona melhora significativa de indicadores de qualidade assistencial, tais como: morbidade, mortalidade e taxa de permanência, representando ganhos funcionais importantes e otimizando a relação custo-benefício da assistência. Nesta visão surge o Fisioterapeuta Intensivista (FI).
Quem é o Fisioterapeuta Intensivista?
É o profissional que se dedica ao atendimento do paciente crítico, efetuando diagnósticos e terapias cinesio-funcionais. Sua importância é reconhecida na Portaria do Ministério da Saúde a qual prevê sua obrigatoriedade em regime exclusivo de 12 horas nas UTIs. É sua função elaborar o prontuário fisioterapeutico com os diagnósticos e tratamentos funcionais e finalização de alta. Como agente promotor da fisioterapia, deve ser o coordenador dos procedimentos fisioterapeuticos, orientando os componentes das Unidades, sobretudo auxiliares, e sendo o realizador principal dessa atividade.
Existem duas formas de titulação, a direta emitida através do Conselho de Fisioterapia, ou seja, a de especialização em CF-AFIB, e indireta, profissionais que comprovaram até 2003, 5 anos de atuação em UTI.
Atuação Específica:
Parada-Cárdio-Respiratória: Os procedimentos fisioterapeuticos intensivos podem favorecer fatores que induzam às arritmias. Portanto o fisioterapeuta deve em situações emergenciais iniciar as manobras de reanimação pertinentes incluindo ABCD primário e, na ausência do médico e caracterizada a urgência-emergência, efetuar o A secundário (intubação orotraqueal) desde que esteja habilitado (portador do ACLS e Título).
Assistência Ventilatória: refere-se à indicação, acompanhamento e técnica de desmame com avaliação dos principais índices respiratórios como Tobim e PaO2/FiO2. Na prática é essencial a utilização dos ventilômetros, manovacuômetros, e incentivadores;
Transporte intra-hospitalar: deve ser de rotina o acompanhamento do Fisioterapeuta intensivista, no transporte de pacientes dependentes de oxigênio ou ventiladores para exames como tomografia computadorizada e ressonâncias, onde com ventiladores microprocessados de transporte com MICROTAK podem ser de extrema importância em pacientes dependentes de modos ventilatórios volumétricos e peep;
As Diretrizes curriculares básicas para formação do Fisioterapeuta Intensivo, incluem um projeto pedagógico destinado à formação exclusiva do FI na UTI, com carga horária mínima de 1600 horas, e mínimo de 13 meses, em Unidades que permitam 2 leitos para 1 especializando e possuam alto grau de complexidade. Curricularmente inclui nas suas disciplinas: Fisioterapia Pneumo-Funcional Intensiva; Fisioterapia Neuro-Funcional Intensiva; Assistência Ventilatória; Exames Complementares em UTI; Fisioterapia cardiovascular Intensiva; Fisioterapia Músculo-esquelético; Fisioterapia Nefrológica Intensiva;
Atuação do Fisioterapeuta Intensivo:
Oxigenioterapia: empregada através de cateter, máscara ou ventilação mecânica, deve ser indicada e acompanhadas através de avaliações gasométricas diárias;
Ventilação Mecânica: - avaliação de força e condição muscular global (exame físico; perimetria muscular; manovacuômetro e ventilômetro para musculatura). Monitorização gráfica em pacientes em Ventilação Mecânica;
Manobras de Higiene brônquica Intensivas, Técnica de Expiração Forçada (TEF), Técnica de Vibração, Percussão, Drenagem Postural, Reexpansão pulmonar, Aspiração traqueal;
Manobras Motoras Intensivas: Reabilitação da musculatura em pacientes inconscientes e conscientes sem estímulos voluntários através de eletroestimulação (FES), cinesioterapia. Atuação em Escaras de Decúbito através de posicionamento, uso de laser terapêutico e manipulação miofascial (quando instalada a lesão). Indicações de Órteses para minimização de distúrbios ostio-articulares, Mobilização ativa, Mobilização passiva e Posicionamento intermitente;
Análise dos Exames Complementares: Conhecimento necessário para interpretar os exames de rotina em UTI (gasometrias, Radiologias Tórax, Tomografias, Eletrocardiograma).
Autor: Douglas Ferrari.